quarta-feira, 20 de julho de 2011

Amaldiçoados nos estádios, árbitros de futebol têm que driblar a falta de regulamentação profissional!!

O ex-árbitro Carlos Elias Pimentel ministrando curso na EAFERJ

Lei 6.405/02 que regulamenta o exercício da profissão, aguarda votação no Plenário do congresso. Mas falta dinheiro e vontade política para tirá-la do papel.

20/07/2011 - No calor da emoção de uma partida de futebol ou na iminência da derrota, não importa se o treinador não preparou direito o time ou se os jogadores mal tocaram na bola: é o árbitro quem paga o pato, mesmo sem cometer qualquer deslize. Mas os xingamentos, que invariavelmente envolvem a mãe, coitada, estão longe de ser a única pedra no sapato de árbitros e assistentes. Profissão não regulamentada, forte competição e avaliações físicas constantes são alguns obstáculos que levam muitos a abandonarem os gramados. Só que, com a aproximação de Copa do Mundo e Olimpíadas, esse movimento tem sido compensado por outro: o aumento do interesse dos jovens. Estimulados pela paixão pelo esporte, eles encaram a carreira como forma de complementar a renda e, de quebra, conhecer o mundo.
Discussões sobre a situação da categoria vieram à tona, recentemente, depois que o presidente da Fifa, Joseph Blatter, afirmou que a penas árbitros profissionais

apitarão a Copa, em 2014. Declaração que desceu quadrada tanto para a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) quanto para federações e clubes estaduais: como isso será possível, se, no país, a atividade não é reconhecida? A saída passa pela aprovação do projeto de lei 6.405/02, do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), que regulamenta o exercício da profissão e aguarda votação no Plenário. Mas falta dinheiro e vontade política para tirá-lo do papel.
- É uma reivindicação antiga da categoria, mas com poucas chances de sair. Ninguém quer se responsabilizar e pagar essa conta, que inclui impostos e encargos trabalhistas - diz Jorge Rabello (foto), presidente da Comissão de Arbitragem de Futebol do Estado do Rio (Coaf).


- Com a aproximação da Copa do Mundo e das Olimpíadas, cresceu muito o interesse dos jovens pela arbitragem. A prova é que, há cinco anos, a turma tinha cerca de 30 alunos, enquanto hoje temos o dobro e mais uma lista de espera enorme. O número de meninas também aumentou bastante - comemora Duarte, para quem árbitro tem que ser atleta. - Um árbitro faz cerca de 250 marcações e corre de 12 a 14 quilômetros por partida. É um trabalho difícil, que exige muito, dentro e fora de campo. Além de boa preparação física e conhecimento das regras, é preciso ter cuidado redobrado com a imagem: não dá para revelar o time de coração nem sob tortura.
Com duração de 11 meses, o curso preparatório conta, às terças e quintas, com aulas teóricas das regras de futebol, redação da súmula da partida, português e espanhol, entre outras disciplinas. Aos sábados, é a vez dos treinamentos físicos e de técnicas de arbitragem. O pré-requisito para obter

uma vaga é ter de 17 a 25 anos, além de ensino médio completo. Para avaliar o aluno, a escola aplica três testes de velocidade e resistência ao longo do ano, intercalados por provas parciais, no Estádio de Atletismo Célio de Barros, anexo ao Maracanã. A mensalidade, atualmente de R$ 400, deve aumentar, no ano que vem, para R$ 500.
- Durante o curso o aluno pode apitar competições das categorias de base, o que ajuda a colocar conhecimentos em prática e a pagar as despesas - explica o presidente da Coaf.

De R$ 2.500 a R$ 3.500 por mês para apitar peladas

Uma saída para driblar a concorrência acirrada do universo oficial da arbitragem e, ao mesmo tempo, ganhar experiência no ramo, é apitar jogos amadores promovidos por empresas e condomínios. Criada há seis anos, a Cia da Arbitragem trabalha com o aluguel de árbitros para torneios e peladas em todo o estado. Além de 20 árbitros e auxiliares fixos, a empresa conta com mais 30 que atuam como freelancers, segundo a demanda.

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